«Undergangs veier.»

(Caminhos da Ruína)

“Por detrás de olhares inocentes, vultos desfigurados entonam uma melodia de nojo e enjoo,
Um mundo de desgosto retraído, escondido às entranhas mais pútridas das tripas humanas.
Envolvendo o corpo de seu hospedeiro num abraço de mentiras e ambições, falsidades!
As palavras doces não enganam o olho que a tudo vê, e nem a os ouvidos absolutos!

Escondida entre cada palavra pronunciada, um sibilo serpentino, a língua se parte em duas!
A cada mordida, um rosnado gutural ressona de sua caixa toráxica entoxicada de mentiras!
Às sombras esconde os verdadeiros sentimentos, os verdadeiros pensamentos, em segredo,
Enganando homens que caminham aleatoriamente pelo caminho coberto de folhas secas...

É tão solitário viver nesta caixa de pus, sangue e maldizeres,
Absorto neste mundo minimizado de partículas de afeição e ternura falsas!
Seu sibilo arrepia minha espinha, congela meu sangue,
Seu olhar é mentiroso, seu olhar é enganoso, seu olhar é impuro!

Afogo-me neste mar de inexpressão contígua, um oceano de frustração...
Mate-me! Mate-me! Mate-me! Mate-me! Mate-me! Mate-me, trazedor da luz!
Não me deixeis viver nem mais um segundo, nem mais um único maldito segundo...
Viver pela morte é viver à margem na vacuidade, e meu coração esvazia-se no vão de vossa luz!

Sou uma criatura estúpida, inútil e incapaz de sobreviver só neste mundo de solidão inevitável...
Um verme miserável, escondido na terra, solitário, mortal, simplório, ordinário!
Iluminai-me, criador da luz, criador do céu e da terra, criador da dor e do sofrimento!
Meu caminho esconde-se atrás de névoas grossas e gélidas como vosso suspiro eterno...

Meu rancor é uma engrenhagem que nunca para de girar, absorvendo a tristeza e a transformando em dor!
Minha vida é uma história de frustrações e tortura criadas por mim mesmo! Eu sou minha destruição!
A imagem que mais me empolga é a de destruição, arruinação dos malditos que me rodeiam!
Seu sangue deverá banhar minha carne na mais fétida louvação em nome do Criador!

Sou um fantasma nesta caixa de concreto e tijolos; sou invisível aos olhos ordinários!
Um miserável, estúpido demônio entre homens e mulheres; um monstro fatigado de existir!
A sede por sangue aumenta, o rancor aumenta, a tortura aumenta, meu mundo se arruína!
Larguem-me num canto grotesco de esquecimento, às trevas, antes que minha sanidade se vá por inteira!

Estou enlouquecendo! Estou morrendo e corroendo meu interior amargurado pela vida!
Senhor da Escuridão, Senhor da Luz! Trazei-me o conforto dos deuses e lhe retribuirei com minha alma!
Realizai meus obscuros desejos às sombras, e realizarei em vosso nome quaisquer feitos,
Sejam maus, sejam crueis, sejam odiosos! Sejam ao custo de minha vida, pois a morte é minha esperança!

Construirei vosso castelo de torturas e ruína humana! Serei vosso escravo pela eternidade!
Realizai meus mais profundos desejos eróticos, minhas vinganças, meus romances e meus amores!
Retribuirei vossa piedade com o sangue dos inocentes, e os unirei ao meu em meu leito!
Mesmo ao custo de meu coração sensível, mesmo ao custo de minhas vida e morte!

Deus! Bom pastor de vossos cordeiros, dai-me vossa ajuda em busca de salvar meu coração amargurado!
Minha alma está congelando neste mar de martírio, de sofrimento próprio! Neste mundo que criei!
Por quê?! Por que criei este mundo de tortura? Por que me abriguei neste mar de ruína!?
Por que destrui meu futuro através de minhas próprias atitudes e escolhas?! POR QUÊ!”


- Boken til Lysferds. Kapittel II, del III.

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