O Anjo.

“Eu te amo.”

Passei minha vida inteira sonhando em ouvir isto,
Mas nunca entendi seu profundo significado.
Tampouco tive a oportunidade de dizer.
Nem mesmo tive a honra de sentir.

Sob as estrelas do céu, eu me escondi.
Sobre a grama verde eu me camuflei.
Na beleza de um mundo imaginário,
Eu afundei e me afoguei.

Agora o passado está desbotado,
Passou a ter uma coloração sépia.
Todas as palavras são impronunciáveis,
E todo o calor é frio como um cubo de gelo.

Na carência e imaturidade abundante,
Engoli em seco e segurei com força as beiradas.
Mas não havia como, e impossível era.
Não havia como sustentar um amor que não existia.

As palavras foram esquecidas e as emoções cessaram,
Hoje só me restou este quarto escuro e solitário.
Nele, deixo minha infantilidade e meus sonhos.
Nele, esqueço meu futuro e meu passado.

Se amado tivesse sido, o amor não morreria.
Se amado eu tivesse, meu amor não perderia.
Agora eu sinto como se nunca tivesse ouvido,
As palavras que quero ouvir e proferir.

Nem um poema e nem mil poemas jamais expressarão,
A profundidade e a maravilha que significa esta expressão.
Amor é amar, amar é amoroso, e amoroso é viver.
No silêncio do meu quarto, eu não ouço nenhuma voz.

Eu não sinto nenhum calor, tampouco seu amor!
Eu não tenho com quem estar, tampouco por quem lutar!
Eu não tenho ambições, tampouco aspirações!
Só um monte de sonhos de criança, meus queridos sonhos.

Deixei de reparar no céu de dia, ou nas estrelas à noite.
Não sei se está chovendo, nem se está um lindo dia.
Minhas cortinas estão fechadas para este mundo,
Meu coração está sofrendo, aguardando em silêncio.

Aprendi que apaixonar-se não é amar, e muito menos é ser amado.
Aprendi que não é qualquer mulher que me amará.
E serão ainda menos as que me suportarão.
Aprendi que não vale a pena ser impaciente, mesmo que machuque.

Aprendi que no silêncio da noite, na mudez da escuridão,
Eu escrevo poemas para provar minha existência.
Aprendi que mesmo que me escapem lágrimas,
No escuro ninguém as verá, e um segredo meu será.

Aprendi que muitas pessoas podem amar que eu faço,
Mas poucas verão utilidade nos meus sonhos.
Descobri que o amor só vale a pena no momento certo,
Com a pessoa certa.

Aprendi que só vale se você for aceito como é,
Sem nenhuma mentira e nenhum segredo.
E que se deve dizer as palavras mágicas,
Não o tempo todo, mas nos momentos certos.

Entendi que a vida só vale a pena se você faz o que gosta,
Independentemente se as outras pessoas gostam.
Reparei que ser pobre de aquisições vale a pena,
Se você for rico de emoções em seu coração.

Testemunhei que há dias em que tudo dá errado,
E o mundo parece querer derrubar você.
Estes dias, porém, são os trunfos da vida.
Pois você pode escolher cair, ou se levantar.

Descobri também que se você causar problemas,
Seja por descuido ou seja por desatenção,
Você será tratado como se tivesse feito por maldade.
E que não há outra forma de encarar isto.

Lentamente aprendi que viver depende da forma de ver o mundo,
E que diferentes pessoas veem diferentes mundos.
Também, que diferentes pessoas têm métodos diferentes,
De encarar os obstáculos, quase vis, da vida.

Compreendi que a morte é tão bela quanto a vida,
E que perder quem e o que amamos é o pior que pode ocorrer.
Aprendi a desvalorizar o dinheiro,
E a vê-lo apenas como papel usado para trocas.

Aprendi que nada sei e nada saberei,
Mesmo em meu leito de morte.
E aceitei que continuarei a escrever meus sentimentos,
Mesmo que ao custo do meu futuro, pois este é meu mundo.


- Boken til Draumane. Kapittel I, del I.