«Djevels lam.»

(O Cordeiro do Diabo)

“ÓDIO! A cada dia mais natural, visível e surreal, escorrendo como sangue em minhas veias!
Rancoroso, imundo animal irracional e emocional que grosseiramente busca a verdade estrangulando a mentira!
AMARGOR! É o único sabor que meu paladar sente, a única sensação que lembro de sentir!
Odioso, solitário, amargurado, ranzinza e azedado monstro que se esconde nos bueiros de si próprio!

Em sedentas chamas um coração desgovernado de emoções queima apaixonadamente,
Incessantemente seus fluídos pútridos espalham-se na sujeira do chão!
Ventos carnívoros carregam para longe de sua carne maculada as cinzas fétidas,
Enquanto roedores devoram sua alma, famintos pela vida de um ninguém!

FRUSTRADO! Homem ignorante, acovardado, esquecido e largado à escuridão gélida, excitante...
Ansioso aguarda a morte o alcançar, o matar! Joga-se ao abismo negro das trevas!
APAGADO! Inexistente para tudo e todos que o rodeiam, apenas uma sombra vazia no chão,
Mal-amado, mal-lembrado, mal-recebido, mal-esperado, maldito, malfeito, maligno!

Nas profundezas obscuras de um oceano de lágrimas de sangue envenenado,
Protege-se do mundo sob uma rocha de imundice e sofrimento!
Seu coração bombeia pus por suas artérias, seus pulmões incham de enxofre,
Suas mãos são grandes martelos e sua voz é tão grossa quanto perversa!

MORTE! MORTE! MORTE! Cansado de uma vida inútil, frágil, vazia e rústica!
Desiste, acovarda-se, esconde-se, chora, grita, sofre, MORRE!
Nada parece suavizar sua dor incessante, nada nem ninguém para ajudá-lo!
SUICIDA-SE! Homem preenchido de destruição e vazio de vontade de viver!

Através de dimensões hiperbólicas psicodélicas sem forma nem vida...
Sua alma transitará, caminhando entre os vivos cegos e arrogantes...
Inexistente desde o começo, agora vazio e apático, insensível...
Seus olhos não mais chorarão, e seu coração não mais sangrará.

Suas mãos jamais tocarão ou sentirão novamente, e a maciez do rosto daquela que ama jamais sentirá novamente...
Amor agora é simplório, e o ódio é ordinário. A putrefação de sua carne agora é inválida; sua alma não tem mais carcaça!
Um zumbi vivendo sua tortura por sua covardia e arrogância terrestres! Alma penada de existir pelos séculos no nada!
Não há mais nada em seu corpo agora a não ser a invalidez, o vácuo, o vazio, o nada!

MALDITO! Homem que um dia amou mais uma mulher que a si mesmo, mas que não consegue mais sangrar por ela!
Frustrante amor platônico interminado, inconveniente, destruidor, que o acorrenta à sua carne acalorada!
VINGANÇA! Mulher ingrata, que pisou em seus sentimentos como uma prostituta em seu turno de trabalho!
Sua morte está predita por aquele que carrega chamas infernais nos olhos e podridão no coração!

ASSASSINO! Preenche-se novamente de uma névoa de terror, pavor e ódio! Ó, como é ótimo sentir novamente!!
Suas mãos molhadas pelo sangue dos tolos mortais; sangue que desce por sua garganta e sacia sua sede!
ESTUPRO! Sodomiza a própria existência com as armas metálicas, frias e rígidas como suas experiências de vida!!
Ser abominável cujo objetivo tornou-se destruir e arruinar tudo e todos; MATAR E DESTRUIR!!

À morte da inocência de uma criança cujos pais se surravam e cuja vida a estuprava, lágrimas de pus escorrerão pelos olhos de Deus, e o Diabo chorará mel!
Sua vida, descrita na frieza e arrogância que seus irmãos o olhavam, foi se apagando como uma vela acesa sufocada num copo de preconceito e abominação!
Escondida num canto escuro, esperançosa por um abraço que nunca recebeu; aguardando a ajuda que jamais receberá! Os olhos puros morrem na escuridão!
Na grandeza das trevas, sua alma envenenou-se enquanto os sábios poliam seus egos indecentes, até o dia que, em fúria, seus corações arrancou!”


- Boken til Lysferds. Kapittel II, del II.

Um comentário:

Hont91 disse...

ler em partes e ler por inteira realmente fazem a diferença, eu fiquei surpreso com a facilidade de manter o ritmo de leitura, e como eu disse antes sobre a imagem mental, depois de ler por inteira a imagem mudou, é mais como um homem atormentado gritando na escuridão... e no fim ele adquire uma... não uma paz, um alivio temporario...
de qualquer forma, como quase todos os outros, um texto com força, não consigo imaginar esse texto a voz baixa, quando leio sempre penso em uma voz alta e forte.