«Min giftig Gud, min undergang.»

(Meu Deus Envenenado, Meu Destino Malfadado)

“Uma névoa de profundos suspiros que envolve a floresta escura.
O toque gélido das almas em eterno desalento, unidas à névoa.
As vozes dos imortais servos da vontade da natureza.
Estou rodeado de ruína e destruição humana e divina!

Um escravo da vontade do mundo, servo das mãos do destino!
Filho do fogo que nunca se extingue e destrói tudo à volta!
Meus passos são as crateras que deixo para trás!
O ar que inspiro puro, mas o ar que expiro é pútrido como meu interior!

Sou um fantasma sonhando acordado num mundo de mortos sedentos,
Estático, vegetando às margens da inconsciência de mil anos.
Sou espantalho irracional no deserto das areias sem fim e sem começo,
Onde aguardo o amor que nunca tive encontrar minha alma vaga.

Sou uma árvore paciente entre milhões de outras, aguardando o chamado do machado!
E a grama ao meu redor, aos meus pés, são meus filhos e serão pisados pelo demônio da serra.
As folhas que alimentam minha existência serão extinguidas num abraço ao fogo!
Minha seiva será a sujeira a ser limpa das armas daqueles que deceparão minha copa!!

Sou um homem de indulgência, ignorância e abstinência; um soldado da vontade dos deuses!
Sou uma marionete dos iluminados homens de poder, que foram escolhidos pelo Deus Envenenado!
Matarei todos que meus grandes mestres mandarem eu matar, sem hesitação ou emoção!!
Destruirei todos os mundos que eu passar por, até minha vida eu destruir junto!!

O Deus da Destruição é meu Senhor, e nada me faltará, nada me importará, e nada me sobrará!
Ó pai nosso, que banhas-te em rios de águas envenenadas, amaldiçoas meu caminho para a destruição!
Senhor Serpentino, guiador das almas em busca de eterna salvação, envenena meu sangue com tua saliva!
Príncipe da Covardia, criador dos demônios bípedes que caminham à Terra, renegai vossa máscara de inocência!

Ó pai, criador das árvores ao meu redor e da terra a qual piso; senhor dos quatro elementos e dos mil sentimentos,
Vós sois a grandeza de todas as malevolencias, e de vós vêm todas as tristezas e sofrimentos do mundo inteiro!
Vós sois a semente de repugnância, pestilência e controle que plantam às mentes jovens e indulgentes!
Sois o caminho de mentiras que andamos por, enquanto carregamos os cadáveres de mil e uma vidas que destruimos!

A penintência é eterna à função da inexistência de perdão e razão da carne dos que servem qualquer Deus Envenenado!
Pois deus é só uma palavra a mais no dicionário, e seu significado perde-se à face dos escravos religiosos fanáticos!
Aclamo então pela liberdade; esta escravidão e servidão de orações, rezas e boas ações nada de bom me trazem em retorno!
Sois um Deus de mentiras e um Demônio de verdades, pois seu mundo não tem fundamento e sua razão é inconsistente!

Meu amado pastor de ovelhas lindas e desmioladas, que, ao comando de vosso magnânimo cajado, abaixam suas cabeças inúteis.
Meu odiado mentor de mentiras e frustrações, culpado por minha preguiça e minha abstinência perante a selvageria da vida.
Convosco aprendi a perdoar todos e nunca ser perdoado! A amar todos e nunca ser amado! A ajudar todos e nunca ser ajudado!
Vossas palavras desaparecem à névoa dos suspiros dos mortos, e seu cajado enterra-se neste chão de carbonizadas árvores!

Mataremos em vosso maravilhoso e santificado nome! E retardados iremos nos debruçar, escravizados, aos seus pés!
Pisaremos em todas as formas de vidas distintas das nossas, e destruiremos e arruinaremos tudo e todos ao seu comando!
Vossas pestilentas palavras, nosso Senhor, nós esculpiremos em mil e um livros de sangue e carne!
Vossa malévola imagem, ó Deus Envenenado, nós guardaremos em nossos pútridos e frágeis corações, e à morte no inferno queimaremos!”


- Boken til Lysferds. Kapittel II, del I.

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