«Kjærlighetsglass' anger.»

(A Penitência do Cristal do Amor)

“Hoje eu me pergunto se aconteceu alguma coisa, se eu perdi alguma coisa.
A cada dia que passa meu corpo parece mais vazio, porém pesado, que antes.
Quem sabe seja só mais um dia de sol no deserto arenoso, abrasivo,
Ou mais um dia de chuva nos sete mares salgados, azuis, infinitos.

Guardei meu amor numa límpida, frágil e imaculada bola de cristal,
Que a cada dia que passa, torna-se mais pesada de carregar.
Ninguém quer me ajudar a carregá-la, pois ninguém sente amor comigo.
Estou tão sozinho entre mil e uma pessoas, tão só e assustado...

À estrada de chão, tive que mudar meu rumo; tive que me distanciar dela.
Ela, que recusou compartilhar um só amor numa só bola cristalizada,
Agora caminha ao seu próprio rumo, sem mim e sem meu amor.
Eu, por minha vez, recosto-me às raízes de uma linda árvore, chorando...

Isto é penitência por minha falta de sagacidade e sobra de indulgência?
Do cristal, o amor não posso tirar. O cristal, não posso quebrar, ou não voltarei a amar.
Os insetos, os animais e as plantas estão vivendo ao meu redor, enquanto protejo meu amor,
Outros passam à estrada em cuja margem jazo imóvel, petrificado, recusado.

Pergunto-me se aconteceu algo; respondo-me uma grande mentira.
Pergunto-me se perdi algo; desvio-me para um tosco silogismo.
A bola de cristal parece pesar o equivalente a mil vidas de tristeza...
Se não for esta minha penitência, então a morte deverá ser.”


- Boken til Lysferds. Kapittel I, del XV.

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